O legado
Sou filho de pais estrangeiros que vieram de um país chamado Moldova. Meu pai chegou aqui no ano de 1926 quando contava com apenas 15 anos de idade.
Viajou de navio do porto de Odessa na Ucrânia para o porto do Rio de Janeiro. Essa travessia durou 21 dias. Meu pai me contou que um dos passageiros do navio trouxe consigo uma Bíblia e cada dia a lia no convés do navio para aqueles que quisessem ouvir. Ele estava sempre ali para escutar a leitura da Palavra de Deus e me contou que sentiu pela primeira vez na vida dele que Deus estava tocando o seu coração.
Posteriormente, trabalhando numa fazenda, no interior do estado de São Paulo, recebeu a visita de um pastor que o encaminhou a fazer a sua profissão de fé e, então, ser batizado. Esse pastor era da Primeira Igreja Evangélica Batista de São Paulo, capital, onde pouco tempo depois o meu pai se tornou membro.
Nasci em 1936. No ano seguinte minha mãe faleceu e assim não pude nem a conhecer.
Depois, meu pai casou-se novamente e foi morar em São Paulo, capital. Ele era muito zeloso e não permitia que perdêssemos qualquer culto, ou outros trabalhos da igreja.
Infelizmente aquela igreja era muito legalista e achava que um crente ao pecar, poderia perder a salvação. Isso me angustiou por muito tempo. Na década de 50, missionários da Igreja Batista Regular, fundaram um seminário teológico e me convidaram para estudar ali. Fazendo a análise do Evangelho de João com o diretor daquele seminário, tive plena confiança na certeza da salvação pela primeira vez na minha vida. Minha perspectiva mudou totalmente depois disso.
Desde a minha infância ouvi que Jesus mandou que os crentes levassem o Evangelho a todo o mundo. Em janeiro de 1960, ingressei no Instituto Bíblico Peniel. Não tive nenhuma chamada específica, ou espetacular e por isso às vezes achava que Deus não tinha me chamado para a Sua Obra. Isso aconteceu até o dia em que ouvi um relato sobre a vida da missionária Sophie Muller. Alguém pediu a ela que contasse como foi chamada para ser missionária. Ela respondeu que nunca teve uma chamada e que apenas leu que Jesus havia mandado os Seus discípulos ir por todo o mundo e pregar o Evangelho e então disse: Simplesmente obedeci a ordem do Mestre. Que alívio foi para mim ouvir aquele testemunho!
Na primeira semana de Janeiro de 1960 ingressei em Peniel, depois trabalhei com um grupo indígena no estado do Pará e mais tarde nos Institutos da Missão, com todos os meus defeitos e fraquezas, amando o meu Mestre Jesus que deu a vida d’Ele para me salvar do inferno. Toda glória e louvor somente para o Senhor Jesus.
— Paulo Jancitsky
Nota: Paulo e Neli Jancitsky serviram ao Senhor entre o povo Gavião do Pará, no Instituto Bíblico Peniel, hoje estão jubilados e continuam sendo uma benção.